November 25, 2011

Marcelo Neves se despede de Toronto com show

O cantor Marcelo neves é um fenômeno. Não só por sua popularidade nas comunidades portuguesa e brasileira em Toronto, mas também por ser o artista brasileiro de maior sucesso no Canadá, e tocando somente música sertaneja.

Natural de Campinas e no Canadá desde 2004, Marcelo Neves tem uma legião fiel de fãs, e faz dezenas de shows por mês pelo Canadá de costa a costa. Shows como o desse sábado, quando ele abre o espetáculo do cantor Eduardo Costa. Porém, esse show vai ser um pouco diferente dos outros. Essa será a última apresentação de Marcelo no Canadá, pelo menos por algum tempo. Ele está voltando pro Brasil e se prepara para uma nova fase de sua carreira. O Brazil Vital conversou com o cantor, compositor e showman Marcelo Neves.


Como você está encarando essa nova fase da sua vida?

É o fechamento de um ciclo e o início de outro. Confesso que ainda está um pouco confuso na minha cabeça. Apesar de eu ter vivido praticamente 33 anos no Brasil, eu não sei o que eu vou encontrar lá (estando fora há quase 8 anos.) E eu sei muito bem o que eu estou deixando. Foram anos de luta, de muito trabalho, e de muitas conquistas. Eu tenho um saldo muito positivo.

Afinal, porque você está deixando o Canadá? Podemos te esperar de volta, ou esse é um ponto final?

De maneira nenhuma. Pode me esperar de volta sim. Hoje minha vontade é que eu nem queria ir. Infelizmente por motivos de imigração, eu não pude ficar. Quando apliquei pra fazer a imigração, fiz de forma incorreta. Fui mal orientado. Mas estou deixando as portas abertas. A parte burocrática demora cerca de 6 a 8 meses, mas cada caso é um caso. Vou procurar fazer tudo correto dessa vez.

Antes de falar do seu futuro, vamos voltar no tempo um pouco. De onde vem a sua vontade de cantar, de se apresentar?

Na minha família tem muita música. Eu tenho vários tios e primos que cantam e tocam. Lá em casa, meu pai cantava com a minha mãe, ele tocava violão e os dois cantavam. Nos finais de semana e nas festas de família eu cantava junto com meu pai e minha mãe.


Além de seus pais, quais foram suas influências musicais?

Eu não tenho muito o que dizer. Desde que eu me entendo por gente eu só ouvia música sertaneja, não tinha outra. Fui escutar outro tipo de música a partir da minha pré-adolescência. Aí eu curti demais a explosão do roque nacional da década de 80. Lulu Santos, Blitz, eu curti muito. E também curto Maria Gadú e Ana Carolina, não tem como não gostar. Sou fã do Djavan e da Zélia Duncan também, já até cantei música dela no meu show. Pouca gente sabe disso, mas a minha primeira apresentação aqui em Toronto foi cantando pagode! Cantei Só Pra Contrariar: “Domingo, quero te encontrar, e desabafar…”

Até o seu pagode tem um tom de sertanejo.

Já me disseram isso.


Sua popularidade na comunidade portuguesa é incontestável. Como você conquistou esses fãs?

Foi uma coisa muito natural. Aqui (em Toronto) existia, e ainda existe, espaço para artistas brasileiros. Eu não tinha ideia de como era a comunidade portuguesa. Eles curtem muito música brasileira, especialmente música sertaneja. Talvez pelo ritmo, pela forma de dançar, existam semelhanças pra eles em Portugal. Quando eu mostrei o material que eu tinha gravado em 2005 pro Davi (Rodrigues, seu produtor), ele falou “é isso que a comunidade está precisando.” E eu apostei nessa ideia.


Conte um pouco sobre seu CD novo, “Nunca É Tarde Pra Recomeçar”. Um título profético.

Pois é, que loucura. Esse é o nome da primeira música que eu gravei pro disco, e realmente eu não sabia o que ia acontecer com a minha vida, mas tem tudo a ver agora. Eu já tinha lançado cinco CDs, todos mais ou menos no mesmo estilo. Eu queria fazer algo um pouco diferente, mas me deu um branco. Eu não sabia pra onde ir. Aí eu resolvi experimentar algumas coisas. Em uma das músicas, tem um pouquinho do que acontece lá no Brasil, tem a onda do kuduro de Portugal e Angola, um pouquinho de country norte-americano que eu adoro e até uma bateria de escola de samba. Ainda tem uma introdução de acordeão, tipo bailão mesmo. E o meu primo Diogo (o rapper D. Snow) gravou uns versos de rap em inglês. Nessa eu experimentei geral.

No disco novo você também canta com seu pai, que já é falecido. De onde surgiu essa faixa?

É uma música que ele gravou numa fita cassete em 1977. Minha mãe achou a fita e tem eu lá cantando com ele quando eu tinha 7 anos de idade. Rapaz, deu um trabalho pra botar essa fita no andamento certo! Depois foi feito um arranjo em cima do que foi transferido digitalmente e depois eu cantei. Era uma música do Léo Canhoto e Robertinho. Eu já tinha cantado com minha mãe no CD anterior.

Que memórias você leva do Canadá?

Eu tenho uma história muito comprida aqui. Desde os tombos que eu levei na neve até meus dois discos de ouro. Mas o que marca mais mesmo é quando pessoas de todas as idades vêm me abraçar e dizer que eu vou fazer falta aqui. Isso não tem preço. Minha melhor recordação do Canadá é ter conquistado esse espaço no coração das pessoas.


O que você está preparando pra esse show de despedida?

A gente está preparando novidades, algumas delas eu nem sei se vou ter condições de fazer. Já fizemos um show no dia 5 na Casa da Madeira e muita gente já se despediu de mim ali. Já foi uma carga emocional muito grande. Nesse show eu vou tentar cantar com meu pai, como eu faço no CD novo. Eu vou tentar fazer isso ao vivo, mas tenho um plano B se eu engasgar.

Recentemente, uma festa beneficente arrecadou C$2,500 por um de seus chapéus num leilão. Quantos chapéus de cowboy você tem?

Vai querer leiloar mais? Tenho 12. Estou levando 9 pro Brasil.


Marcelo Neves se apresenta no sábado, dia 26, no Ukranian Cultural Center às 9 da noite abrindo o show do cantor Eduardo Costa.

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